Artigo: O novo RH e o home office pós-pandemia

Por Adilson Mirante, consultor estratégico de carreira e diretor da M1 Alta Gerência

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Crédito: Matheus Campos
Legenda: Adilson Mirante: “A prática do teletrabalho se disseminou principalmente e maciçamente nas empresas de tecnologia e telecomunicações, com adesão em 100% das empresas”

A retomada da economia em V começou. As contratações voltaram intensas em toda a indústria de transformação, comércio, varejo e serviços, como já projetávamos em artigo que escrevemos no final de junho passado.

Foram 1.350.000 novos empregos com carteira assinada até julho. Agosto deve manter números significativos também tendo como termômetro o volume de clientes que estamos recolocando aqui na M1. Fecharemos 2022 com taxa de desemprego na faixa de 7,5% no Brasil e menos de 5% no Sul do país.

E uma revolução está ocorrendo com a prática do home office no Brasil e no mundo. Nesses meses de pandemia conseguimos avaliar o resultado das decisões sobre o teletrabalho, pois os estudos de quem aderiu em massa à essa prática começam a ser divulgados. Vou tentar resumir de forma bem didática:
 

Antes da Pandemia — Já era prática em muitas empresas essa iniciativa de um ou dois dias por semana em indústrias e empresas de serviço com uso intensivo de mão de obra. Essas empresas saíram na frente, pois já possuíam protocolo nesse sentido.

A tendência acelerou — Essa prática beneficiava alguns cargos administrativos de comando, pessoas que moram longe do local de trabalho, atividades como área jurídica, vendas, projetos e vendas on-line. Hoje, toda empresa, pequena, média ou grande tem alguém em teletrabalho. E as contratações no modelo híbrido estão na grande parte das empresas, tendo apenas dois dias na sede.

As reuniões corporativas — Os custos de viagens e deslocamentos das pessoas para reuniões de trabalho entre cidades, estados e países foram abolidos por extrema necessidade. A partir de agora as reuniões remotas são lugar comum no mundo todo, com ganho de tempo e objetividade nos temas tratados. Mas os cursos de treinamento presencial também voltaram. Muitas empresas estão tentando levantar a moral de quem ficou na fábrica trabalhando sem descanso durante a pandemia.

As tecnologias disponíveis para o teletrabalho — Startups surgem a todo o momento oferecendo aplicativos bastante completos. Gestão completa do RH on-line, cursos de liderança e inteligência emocional, medição de produtividade, medição de estresse, aulas de ginástica e automassagem laboral ao vivo e por aí vai. Mais de 90% das grandes empresas implantaram tais recursos.

Os desafios da área de TI — Os maiores desafios das empresas com o uso intensivo de mão-de-obra em estruturas administrativas corporativas, consultorias e serviços especializados, esbarravam na tecnologia disponível, banda larga fixa e móvel capazes de sustentar o acesso a sistemas corporativos. Mas as empresas de telecomunicações e de tecnologia agiram rápido. Hoje quem trabalha em home office tem apoio de suporte físico (hardware etc) em praticamente 85% das empresas, pagamento de conta de ligações e internet.

As vendas de tecnologia só crescem — As empresas de hardware e software crescem entre 10% e 55% nos últimos 18 meses na venda de notebooks, periféricos, acessórios e mobiliário, bem como no lançamento de aplicativos de segurança de rede, assistência técnica, psicológica, jurídica e financeira. As soluções transitam desde pacotes completos de apoio ao teletrabalho, incluindo ponto eletrônico pelo celular, mapeamento comportamental sobre a saúde do funcionário e aplicativos de seleção e contratação sem necessidade do profissional ir sequer um dia na sede da empresa para os trâmites contratuais. Temos todo tipo de solução disponível. São startups especializadas em oferecer conteúdo de gerenciamento de processos à distância que liberam as atividades burocráticas e aumentam a produtividade de forma intensa, segundo as pesquisas.

Os sistemas de segurança — A segurança é um caso à parte nessa busca por teletrabalho. A gestão e acesso das redes corporativas virou uma preocupação e as plataformas em nuvem são uma questão de vida ou morte.

Quem saiu na frente, os processos automatizados — A prática do teletrabalho se disseminou principalmente e maciçamente nas empresas de tecnologia e telecomunicações, com adesão em 100% das empresas. Os motivos são: por serem organizações de uso intensivo de mão-de-obra e por possuírem alto nível de automação de processos.

O que sentem os usuários — Pesquisas mostram que metade das pessoas se adaptou e/ou tem medo de voltar às atividades normais, mas 35% se sente desconfortável com essa prática, por razões diversas. Chega a 100% os profissionais e empresas que aderiram ao trabalho híbrido para níveis de cargos estratégicos. Isso porque permite ao executivo morar em Campinas e trabalhar em São Paulo, por exemplo. Por outro lado, os funcionários solteiros e os que moram sozinhos são mais afetados emocionalmente, pois ninguém consegue ficar “ilhado” e alheio ao mundo 24 horas por dia. Isso ainda vai trazer muita dor de cabeça para os RHs.

A Produtividade e a redução de custos — De qualquer forma, a eficiência — mostram os estudos –, trouxe alguma melhoria de produtividade, por menor que seja. Mas o ganho ainda vai precisar de mais tempo para ser mensurado, segmento por segmento. A diminuição de custos é visível em 100% das grandes organizações.

Os ganhos para o consumidor e a revolução no consumo — É esperada uma revolução na forma de adquirir quaisquer produtos ou serviços nos próximos anos. As facilidades para o usuário de serviços provocam, e ainda vão provocar, mudanças radicais nas empresas de logística, comércio, fabricantes de bens de consumo e corporações de tecnologia. É certo que hoje você compra tudo on-line. Até um carro pode ser adquirido por delivery. Toda revolução começa por uma crise. Mas o público também voltou aos shoppings, que agora dividem as vendas com as compras on-line em igualdade no varejo.

Os pacotes de benefícios — Os benefícios das empresas com o home office 100% on-line foram alterados. O tíquete refeição foi trocado por cesta básica a domicílio; o auxílio transporte e combustível foi ampliado e despesas com internet aumentaram, bem como veículo designado passa agora para carro por assinatura e aplicativo de mobilidade. O seguro de vida precisa ser implementado e, onde não houver, a segurança do trabalho em casa tem que ser levada em conta. Os acordos coletivos trarão essa nova prática para a mesa de negociação.

Regulamentação do teletrabalho — A reforma trabalhista de 2017 por meio do artigo 75, lei 13.467, não apenas precisa de mais regulamentação, como também é urgente seu aprimoramento. Muitos aspectos do que está sendo dito aqui carece de acordo coletivo. O teletrabalho parcial, o local de trabalho e as condições mínimas para a execução das atividades laborais e os acidentes de trabalho em casa são alguns pontos a serem especificados. Tudo isso vai ter que ser discutido e regulamentado.

Voltaremos ao tema oportunamente!

Sobre o autor
 

Adilson Mirante é psicólogo organizacional, formado pela PUC Campinas, com carreira em gerência e diretoria de RH de multinacionais como Danone, Citrossuco, Globo Cochrane e Stream International. Tornou-se diretor de RH aos 28 anos. Montou políticas e estruturas de RH em nove plantas novas e startups de fábricas e estruturas corporativas. É especialista em gestão estratégica de RH, negociações sindicais, desenvolvimento gerencial, mentoring e aconselhamento de carreira. Aos 39 anos montou uma empresa de recolocação, a Porto Aranha & Mirante, que viria a se transformar numa das maiores empresas de recolocação do país, sob a marca Korum. É presidente e fundador da M1 Alta Gerência, especializada em recolocação de executivos média e alta gerência, seleção de executivos, coaching executivo e Mentoring de Carreira.

Sobre a M1 Alta Gerência

A M1 Alta Gerência é especializada no atendimento de corporações em suas necessidades de desligamento, quando é necessário uma intervenção e apoio de especialistas nas demissões individuais ou coletivas. A empresa oferece também programas para pessoas físicas e orientação na transição de carreira. A assessoria da M1 para recolocação corporativa conta com programas que compreendem planejamento de vida pessoal e profissional, análise de mercado e contatos chave, busca e abordagem de vagas, empresas e headhunters, apoio pós-carreira e sessões de coaching.

Informações para a imprensa: Kátia Nunes — (19) 99751-0555/ [email protected]

 

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