Retinoblastoma: Entenda o câncer da filha de Tiago Leifert

Após recente depoimento de Tiago Leifert e sua esposa Daiana Garbin, revelando que sua filha Lua tem um tumor maligno que afeta ambos os olhos, a procura por informações sobre a saúde ocular na infância explodiu.

Lua, filha do casal, teve o diagnóstico de Retinoblastoma, tumor intraocular mais comum na infância e que tem quase 100% de cura se tratado precocemente. Em 80% dos casos a doença se inicia antes dos 3 anos e em cerca de 20-30% é bilateral.

Esse tumor se desenvolve de células imaturas da retina, região localizada no fundo do olho, podendo crescer até ocupar a maior parte do globo ocular e inclusive se espalhar para outras regiões do corpo.

A doença tem como causa mutações que ocorrem principalmente no gene RB1, localizado no cromossomo 13. Mesmo nos casos em que o Retinoblastoma afeta os dois olhos, em geral não há histórico de familiares com a doença.

Pais saudáveis que tiveram um filho com Retinoblastoma bilateral, tem 7% de chance de ter uma nova criança com a doença a cada nova gestação.

Os sintomas mais comuns da doença são os seguintes:

  • Leucocoria (figura 1) – Reflexo da pupila esbranquiçado. Pode ser visto em fotos com flash.
  • Estrabismo – Desvio ocular, com perda do alinhamento.
  • Outros: Heterocromia (cores diferentes na íris dos olhos), nistagmo (movimentos oculares repetitivos e involuntários), dor nos olhos, alteração do tamanho ocular.
Figura 1: Leucocoria no olho direito

A triagem para a doença deve se iniciar com a criança ainda na maternidade, através do “Teste do olhinho” no qual o médico observa a coloração do reflexo ocular (figura 2).

Figura 2: Teste do olhinho

Para fechar o diagnóstico da doença é fundamental a avaliação por oftalmologista especializado. Toda criança deve passar por consulta ainda no primeiro ano de vida e ter retornos periódicos.

Muitos pais subestimam a avaliação ocular, acreditando que se a criança aparentemente enxerga bem, não há porque se preocupar. Além de tumores oculares, esses exames mais precoces são fundamentais para avaliar e tratar outras doenças e corrigir deficiências mais simples como miopia. Não é raro descobrir, por exemplo, que um jovem é praticamente cego de um dos olhos quando o mesmo vai fazer o exame ocular para tirar CNH. Em geral nunca havia passado em consulta oftalmológica e levava vida normal.

No caso de doenças mais graves como é o Retinoblastoma, ignorar essa avaliação pode custar mais caro, uma vez que se trata de um câncer com possibilidade de metástases.

 Para confirmar o diagnóstico são utilizados alguns exames como o Mapeamento de retina, no qual se dilata a pupila da criança com colírios. Também podem ser utilizados o ultrassom ocular e ressonância magnética da órbita.

Uma das classificações mais utilizadas classifica o tumor de “A” a “E”, sendo:

A – tumor pequeno com menos de 3mm

E – tumor que ocupa mais de 50% do globo ocular ou com outras complicações associadas.

O tratamento vai depender do estágio do tumor e outras variáveis e pode envolver a enucleação (retirada do globo ocular), Quimioterapia intravenosa, Quimioterapia intra-arterial dentro outros tratamentos.


Aron Guimarães

CRM/SP 129158

Oftalmologista especialista em retina pela USP/SP

www.aronguimaraes.com.br

 

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