Com investimento de R$ 15 milhões, Campinas ganha hospital de transição

Hospital Revitare oferece serviço inédito na RMC a pacientes que já podem ter alta hospitalar, mas ainda não estão prontos para voltar pra casa

Fachada do Hospital Revitare, localizado em prédio reformado onde funcionou o Hotel Sleep Inn, ao lado do Shopping Galleria (Crédito: Matheus Campos)

José Carlos Semenzato, fundador do Grupo SMZTO – private equityespecializado em franquias e jurado do programa Shark Tank Brasil
(Crédito: Divulgação)

O Hospital Revitare, que tem entre os sócios o Grupo SMZTO – private equity especializado em franquias fundado pelo empresário José Carlos Semenzato –, tem a sua primeira unidade inaugurada no dia 30 de maio, em Campinas, ao lado do Shopping Galleria. O edifício onde funcionou o Hotel Sleep Inn, de quatro andares, foi reformado e conta com estrutura completa de atendimento e residencial, com 110 leitos voltados à recuperação e cuidados de doenças crônicas, para pacientes de todas as idades.

No empreendimento, a médica Joyce Duarte Moraes, especializada na área geriátrica e fundadora da Terça da Serra – maior rede residencial de idosos do país com mais de 140 unidades em 23 estados e com mais de 2 mil leitos –, uniu-se a outros seis sócios que são referência em cuidados e reabilitação. “A Região Metropolitana de Campinas (RMC) concentra grande desenvolvimento, principalmente na área hospitalar, e para nós será importante por conta do pioneirismo e da inovação que este projeto carrega”, diz Joyce. “Além disso, já atuamos na RMC há 10 anos, operando mais de 300 leitos de instituição de longa permanência para idosos, o que faz com que o nosso conhecimento de mercado e a sinergia entre as empresas do grupo sejam diferenciais.” 

Conceito inovador no Brasil
 O conceito do Revitare, que remete aos hospitais de transição – ou hospitais de retaguarda, como também são chamados –, é relativamente novo e ainda pouco difundido no Brasil. Consiste em ofertar cuidados específicos para as demandas de pacientes em processo de reabilitação após um evento agudo, ou pacientes com indicação de internação de longa permanência ou ainda em processo de finitude. 
 

Dra. Joyce Duarte Moraes e Pedro Moraes são casados e sócios do Revitare. O casal já tem expertise em negócios do setor de saúde com a marca de casa de idosos Terça da Serra (Crédito: Matheus Campos)

As principais diferenças em relação ao perfil tradicional de hospitalização estão na equipe multiprofissional envolvida e no tempo dispensado por cada um dos profissionais. A ideia é oferecer um local onde as taxas de contaminação e infecção hospitalar sejam bem mais baixas, com equipes multidisciplinares e atenção individualizada. “É uma complementariedade do processo de envelhecimento, da saúde. A união entre uma residência voltada ao repouso com um hospital”, afirma Joyce. 

Revitare: estrutura premium de hotel aliada a um hospital para pacientes crônicos de baixa complexidade (Crédito: Matheus Campos)

Para os sócios, a sinergia é evidente: unir o conceito de residência para idosos com os cuidados e estruturas de uma equipe médica é o futuro desta área, que tem crescido paralelamente às mudanças demográficas no país. Dados de 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, naquele ano, quase 33 milhões de brasileiros tinham 60 anos ou mais. Proporcionalmente, os idosos representavam 15,7% da população.

Estrutura para residência e estadia prolongada para pacientes de todas as idades (Crédito: Matheus Campos)

Estrutura de hotel, cuidados de hospital

A demanda por esse tipo de hospital já vinha em uma curva crescente antes da pandemia e se intensificou com o contexto da covid-19. Com a crise sanitária, os períodos de internação em estruturas privadas de saúde aumentaram, especialmente nas faixas etárias mais altas.

Quarto com cozinha para pacientes com coordenação motora afetada praticarem atividades domésticas do dia a dia (Crédito: Matheus Campos)

“É uma questão que vem de fora. Outros países estão sendo protagonistas nestas mudanças para estruturas de recuperação e atendimento aos idosos”, argumenta. “Temos uma estrutura premium de hotel aliada a um hospital para pacientes crônicos de baixa complexidade”, finaliza a médica.

Custos menores e menos riscos 

O hospital de transição poderá prevenir uma série de problemas de saúde dos pacientes, que poderão ter tratamento constante, menos invasivo e aliado ao conforto de um hotel premium. O Revitare disponibiliza leitos para longa permanência, cuidados paliativos e reabilitação em consonância com as necessidades e categorias dos usuários de planos de saúde, podendo ser apartamentos e enfermarias.  

Todos os quartos são suítes e são equipados com armários, mesa de leitura, frigobar e televisão smart. Além disso, dispõem de um poltrona confortável e um sofá cama para o acompanhante. Os banheiros são todos adaptados, dotados de barras de segurança, e oferecem amplo espaço para o conforto dos pacientes.

“Idosos, por vezes, têm problemas de saúde e vão para os hospitais. Depois, retornam para as residências”, diz Pedro Moraes, economista, CFO do Terça da Serra e sócio no Revitare. “Vamos otimizar toda essa dinâmica e reduzir os riscos para os idosos, como as possibilidades de infecção hospitalar, por exemplo.”

Sala de recuperação, exercícios e fisioterapia (Crédito: Matheus Campos)

 Carência na região 

A RMC possui uma cobertura média 42,26% da população de 3,2 milhões de habitantes. Ou seja, quase 1,8 milhão de vidas são cobertas pelos planos de saúde e a região, assim como a maior parte do Interior de São Paulo, carece de uma estrutura voltada para reabilitação, longa permanência e cuidados integrados.

A liderança do Revitare está em contato com as municipalidades da região com o objetivo de disponibilizar leitos para pacientes do SUS através de convênios com as prefeituras das cidades do entorno.

Unidade pioneira 

Após o início da operação e o aprendizado com os processos internos e externos, os sócios consideram um plano de negócios favorável para a multiplicação do modelo do Revitare. “Já temos engatilhadas iniciativas em menor escala para cidades menores, que serão ainda mais franqueáveis”, destaca Pedro Moraes.

 

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