Exercendo a cidadania e a solidariedade no Outubro Rosa

Por Paulo Pizão, oncologista

A campanha anual de combate ao câncer de mama requer, mais do que nunca, o envolvimento de toda a comunidade. Em um mundo em que a palavra empatia se sobressai sobremaneira em várias situações, ver o Outubro Rosa chegar e ficar alheio à necessidade de fazer a sua parte chega a ser fora de moda.    

Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama é o mais incidente entre as mulheres depois do de pele. A previsão do órgão é a de 74 mil novos casos por ano até 2025.  

Ainda de acordo com o INCA, cerca de 13% dos casos de câncer de mama em 2020 no Brasil (aproximadamente, 8 mil ocorrências) poderiam ser evitados pela redução de fatores de risco relacionados ao estilo de vida, em especial, da inatividade física. 

A comunidade não pode ficar inerte diante desses números e o Outubro Rosa é o momento propício para que pessoas físicas, jurídicas e governantes voltem seu olhar e esforços para o tema, exercendo a cidadania e a solidariedade. 

Aponto três ações que a campanha anual estimula, mas que costumam ser esquecidas pela maioria da população: 

1. Rede de apoio a pacientes e familiares 

Na modernidade em que vivemos é crescente o número de mulheres que vivem sozinhas. As razões são variadas. Ora porque não se casaram, se separaram, ficaram viúvas, os filhos moram distantes e outras motivações. Essa condição é uma das questões do questionário que entrego aos pacientes, pois conhecer o nível de apoio que ele recebe determina a terapia. Não é incomum que eu precise descartar uma quimioterapia como primeira opção de tratamento simplesmente porque a pessoa não terá amparo ao ficar de cama para se recuperar.

A comunidade se erguer para colaborar é fundamental. Vizinhos, amigos e voluntários disponíveis para a função de acompanhante, cozinheiro e outras atividades da casa, por um curto período, são essenciais. 

2. Verba para instituições de pesquisa 

O desenvolvimento de pesquisas que resultem em novos métodos de diagnósticos e tratamentos inovadores custa dinheiro e instituições privadas e públicas carecem de recursos. É muito importante que tanto empresas, quanto indivíduos – cada qual mediante a sua capacidade –, se sensibilizem e façam doações com este fim. É mais uma vertente em que o senso de comunidade deve estar alerta e contribuir.    

3. Exercício do papel de cidadão 

A comunidade deve cobrar dos seus representantes políticos no município, estado e federação que o aparato e estrutura da saúde pública melhorem. A campanha Outubro Rosa anualmente mune a população de informações, exibidas de várias formas, quanto às necessidades urgentes que esse público apresenta. Não é costume do brasileiro monitorar o desempenho do eleito pelo seu voto. Mas essa mudança é imperativa e os políticos devem ser incitados a elaborar leis que desburocratizem trâmites e criem caminhos para que pacientes e familiares sejam ouvidos e atendidos com prestatividade e zelo.  

Crédito: Matheus Campos

Sobre o autor 

Dr. Paulo Pizão 

O oncologista Dr. Paulo Eduardo Pizão é um profissional global. Por ser docente em faculdade, gestor em instituições de saúde, atuar no atendimento clínico e por ter sido pesquisador na indústria farmacêutica, tem uma visão geral do setor e conhece o mecanismo desse segmento.

Suas atividades profissionais atuais:

Pesquisador no Centro de Pesquisa Clínica São Lucas (PUC-Campinas), coordenador da disciplina de Oncologia Clínica no Curso de Medicina da Faculdade São Leopoldo Mandic, Campinas-SP; oncologista no Instituto do Radium.

Suas especializações:

Especialista em Oncologia Clínica pela Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO); Especialista em Cancerologia (Oncologia Clínica) pela Associação Médica Brasileira; PhD em Medicina (Oncologia) pela Universidade Livre de Amsterdam, Holanda.

 

 

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