Pesquisa aponta queda de mais de 50% na taxa de mortalidade de pacientes com câncer de mama

Estudo que comparou dados de 1975 a 2019 nos EUA evidenciou que maior acesso ao diagnóstico e tratamento precoces, protocolos atualizados e exame de rastreio impactaram na redução de mortes

Dr. Paulo Pizão, oncologista (Crédito: Matheus Campos)

No Dia Mundial de Combate ao Câncer, celebrado em 8 de abril, refletimos sobre as conquistas e os desafios que ainda enfrentamos nesta luta incansável. Um artigo publicado em janeiro deste ano na revista da Associação Médica Americana (JAMA) –veículo oficial da Associação Médica dos Estados Unidos onde são publicados estudos de grande impacto ­–, revelou dados sobre a batalha contra o câncer de mama, trazendo novas esperanças e confirmações importantes para a comunidade médica, gestores e para a sociedade. 

A pesquisa comparou taxas de mortalidade por câncer de mama nos Estados Unidos de 1975 e 2019, mostrando uma redução impressionante de mais de 50%. Em 1975, a taxa era de 48 mortes por 100 mil habitantes, caindo para 27 mortes por 100 mil habitantes em 2019. Estes números não apenas simbolizam um progresso significativo, mas também esclarecem os fatores que contribuíram para tal avanço. 

Primeiramente, destaca-se o papel vital do diagnóstico e tratamentos precoces (estágios I, II e III), responsáveis por 47% dessa redução. A crescente conscientização sobre a importância de realizar exames e buscar a origem dos sintomas levou a um aumento nas biópsias e, consequentemente, na detecção precoce do tumor. Este é um lembrete poderoso de que campanhas de conscientização, como o Outubro Rosa, têm um impacto direto e significativo na sobrevivência das pacientes.

Em segundo lugar, os avanços nos tratamentos da doença metastática representaram uma redução de 28% na mortalidade. O aperfeiçoamento das terapias, especialmente quimioterapia, terapia-alvo e imunoterapia, tem sido crucial para melhorar a qualidade de vida e as taxas de sobrevivência das pacientes, mesmo na presença de metástases. 

Por último, a pesquisa atribui 25% da redução na taxa de mortalidade ao exame de rastreamento pela mamografia. O aumento no número de mamografias realizadas reflete a maior disponibilidade de equipamentos e o acesso facilitado a este exame tão crucial. 

Embora o foco deste estudo seja o câncer de mama, as lições aprendidas podem ser aplicadas a outros tipos de câncer. Esses dados reafirmam a importância do acesso à informação, ao diagnóstico precoce e aos tratamentos atualizados. Quando a população tem acesso a estes recursos, os resultados são tangíveis – menos mortes devido ao câncer. 

Este é também um chamado para uma gestão pública eficaz na saúde. Um sistema que priorize a prevenção, o acesso a tratamentos avançados e a infraestrutura adequada pode fazer uma diferença significativa na vida dos pacientes com câncer. 

Quando a população tem acesso aos recursos há menos mortes por câncer (Crédito: Matheus Campos)

Neste Dia Mundial de Combate ao Câncer é importante evidenciar que a comunidade médica, os governantes e a sociedade precisam promover e cobrar o acesso à saúde de qualidade, ampliar a conscientização e avançar na pesquisa. Com estes esforços combinados, continuaremos a ver progressos na redução da mortalidade por câncer e na melhoria da qualidade de vida dos pacientes. A luta contra o câncer é desafiadora, mas os avanços que celebramos nos inspiram a seguir em frente com esperança e determinação.

Sobre o Dr. Paulo Pizão

O oncologista Dr. Paulo Eduardo Pizão é um profissional global. Por ser docente em faculdade, gestor em instituições de saúde, atuar no atendimento clínico e por ter sido pesquisador na indústria farmacêutica, tem uma visão geral do setor e conhece o mecanismo desse segmento.

Suas atividades profissionais atuais:

Pesquisador no Centro de Pesquisa Clínica São Lucas (PUC-Campinas), coordenador da disciplina de Oncologia Clínica no Curso de Medicina da Faculdade São Leopoldo Mandic, Campinas-SP; oncologista no Instituto do Radium.

Suas especializações:

Especialista em Oncologia Clínica pela Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO); Especialista em Cancerologia (Oncologia Clínica) pela Associação Médica Brasileira; PhD em Medicina (Oncologia) pela Universidade Livre de Amsterdam, Holanda.

 

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